Mariguella: ícone do combate a ditadura militar no Brasil

Publicado  quarta-feira, 9 de junho de 2010

Você talvez nunca tenha ouvido falar sobre Carlos Mariguella, personagem histórico das lutas de resistência do povo brasileiro na época da Ditadura Militar no Brasil.

Sua história, para seus pais, de fato relembra uma época de repressão, na qual um regime ditadorial se instaurava no país, muito diferente dos dias atuais, quando você tem total liberdade de seus atos sem ninguém interferir. Isso tudo graças a esses líderes revolucionários.

Filho do imigrante italiano, Augusto Mariguella e Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos, Mariguella nasceu em Salvador, Bahia, no dia 5 de dezembro 1911.

Aos 18 anos, já despertava interesse pelas lutas sociais e ingressou no Partido Comunista. Com 21 anos, foi preso pela primeira vez, pela escrita de um poema com críticas ao interventor da Bahia, Juracy Magalhães. Em 1936, mudou-se para São Paulo com intenções de reorganizar o Partido Comunista, que estaria “derrubado” após as lutas de 1935, denominada como Intentona Comunista.

Em uma entrevista concedida ao site Géledes – Instituto da Mulher Negra, Clara Charf, viúva de Mariguella, afirma que ele sempre foi militante, tinha muita consciência de onde ele vinha e não deixava de valorizar a formação que teve de sua mãe negra e do pai operário italiano.

“Sempre foi rebelde, desde os tempos de estudante; sempre lutou pela igualdade de raça e povos e o fato de ser de família pobre, filho de mecânico italiano anarquista, mãe negra, família de oito irmãos, marcou sua formação”, pondera Clara Charf na entrevista.

Para Iara Baptista Pasta, professora da USP e especialista em História, Mariguella era visto como ameaça ao governo, pelo fato de ser comunista e, por isso, diversas vezes acabou sendo preso no período do Regime Militar no Brasil.

“Em uma dessas perseguições, foi baleado e preso num cinema da Tijuca, Rio de Janeiro, mas continuou vivo e encarcerado por oitenta dias. Co auxílio de um advogado acabou sendo libertado”, acrescenta Iara Pasta.

Mariguella foi o responsável pela fundação da Ação Libertadora Nacional (ALN), que pregava a idéia da luta armada como saída para a derrubada da ditadura militar no Brasil. Mais adiante, em São Paulo, o líder passou a reorganizar os revolucionários comunistas atingidos pela repressão imposta por Getúlio Vargas. Em 1939, foi torturado na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo. Ficou preso em Fernando de Noronha e na Ilha Grande pelos seis anos seguintes.

Anistiado em abril de 1945, participou do processo de redemocratização do País e da reorganização do Partido Comunista na legalidade. Elegeu-se deputado federal mas, em 1948, teve o mandato cassado por Dutra e passou a viver na clandestinidade.

Em 1969 montou-se uma emboscada, através de frades dominicanos que faziam parte da própria ALN. Então, às oito horas da noite, Carlos Mariguella foi cercado por 30 policiais do DOPS e foi assassinado.

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