No cemitério de Perus, uma esperança para famílias de desaparecidos

Publicado  quarta-feira, 9 de junho de 2010


No Brasil, os militares tomaram o poder em 1964 e, com isto, foi instaurado um regime militar, mais conhecido como ditadura militar.

Em meio a este clima de regime ditatorial, movimentos sociais, ato institucional, milagre econômico, passeatas e manifestações, muitas pessoas, que faziam oposição ao governo, foram brutalmente assassinadas, ou simplesmente desapareceram e seus familiares nunca mais tiveram notícias delas.

Para muitos, estas manifestações acabaram no Cemitério Dom Bosco, em Perus, periferia da cidade de São Paulo.

O administrador do cemitério naquela época, Antonio Eustáquio, mais conhecido como Toninho, presenciou, na década de 70, a abertura de uma vala comum, feita por homens da repressão política, para colocar corpos de opositores ao regime militar.

Segundo o administrador, foram colocados lá cerca de 1500 corpos, clandestinamente, sem o consentimento de seus familiares, que por muitos anos ficaram à procura destas pessoas.

Nos anos 90, Toninho fez a denúncia da existência desta vala para o serviço funerário, que, posteriormente, procurou a prefeitura e, por ordem da prefeita Luiza Erundina, no dia 04 de setembro de 1990, foram resgatadas todas as ossadas, que contabilizaram 1049 ossos de desaparecidos políticos daquela época.

Para Áurea Moretti, que foi militante e vítima de tortura durante o regime militar, muitas pessoas que estavam presas com ela no antigo DEOPS (Departamento de Ordem Política e Social), criado em 1949, foram parar clandestinamente no cemitério de Perus.

Hoje, estas ossadas estão em poder do cemitério do Araçá, na região central da capital paulista, e a Justiça Federal ordenou que os governos estadual e federal retomem o processo de identificação, para que seus familiares consigam fazer uma cerimônia com dignidade.

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