O caso Stuart Angel

Publicado  quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ainda sem esclarecimento, como tantos casos de presos e desaparecidos políticos nos anos de chumbo, o caso Stuart Angel já causava grande repercussão, mesmo na época em que tudo era escondido ou velado pelos militares. Isso graças a sua mãe, Zuzu Angel, que lutou até o fim para que o caso não fosse esquecido.

Mesmo sabendo que, provavelmente, nunca veria seu filho vivo, ela lutou para que o Brasil e o mundo ficassem sabendo da forma como os militares agiam contra aqueles que protestavam contra o regime.

Zuzu Angel, famosa por suas criações no mundo da moda, era uma estilista de sucesso até mesmo mundial e tentou usar de sua influência para descobrir o que aconteceu realmente com seu filho. Sua história virou um filme, em 2006, e a atriz Patrícia Pillar a interpreta.

Sinopse do filme Zuzu Angel

Zuzu Angel é uma estilista de sucesso que projetou a moda brasileira no mundo. É também a mãe que travou uma luta contra tudo e todos na busca pelo seu filho Stuart. Os anos 70 viram o mundo de pernas para o ar. No Brasil, a carreira de Zuzu Angel (Patrícia Pillar) como estilista começa a deslanchar, enquanto seu filho Stuart (Daniel de Oliveira) ingressa no movimento estudantil, contrário à ditadura militar então vigente no país. Stuart é preso, torturado e assassinado pelos agentes do Centro de informações de Aeronáutica, sendo dado como desaparecido político. Inicia-se, então, o périplo de Zuzu, denunciando as torturas e morte de seu filho. Suas manifestações ecoaram no Brasil, no exterior e em sua moda.

A História Real

Militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), nasceu a 11 de janeiro de 1946, na Bahia, filho de Norman Angel Jones e Zuleika Angel Jones.

Desapareceu desde 1971, quando contava apenas 26 anos de idade. Casado com Sônia Maria Morais Angel Jones (falecida), estudante de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi preso no Grajaú (próximo à Av. 28 de Setembro), no Rio de Janeiro, em 14 de junho de 1971, cerca de 9h00, por agentes do Centro de Informações da Aeronáutica (CISA), para onde foi levado e torturado.

Ao cair da noite, após inúmeras sessões de tortura, já com o corpo esfolado, foi amarrado à traseira de um jipe da Aeronáutica e arrastado pelo pátio com a boca colada ao cano de descarga do veículo, o que ocasionou sua morte por asfixia e intoxicação por monóxido de carbono.

Em 08 de abril de 1987, a Revista “Isto É”, na matéria “Longe do Ponto Final”, publica declarações do ex-médico torturador Amílcar Lobo, que reconheceu ter visto Stuart no DOI-CODI/RJ, sem precisar a data.

O preso político Alex Polari de Alverga é testemunha da prisão e tortura até a morte de Stuart, tendo inclusive presenciado a cena em que ele era arrastado por um jipe, com a boca no cano de descarga do veículo, pelo pátio interno do quartel.

No Relatório do Ministério da Marinha, consta que foi “morto em 5 de janeiro de 1971, no Hospital Central do Exército...”

O Relatório do Ministério da Aeronáutica faz referências às denúncias sobre a morte de Stuart feitas por Alex Polari. Ao invés de esclarecer sua morte, dados do relatório falam da vida pregressa de Alex e finaliza dizendo: “neste órgão não há dados a respeito da prisão e suposta morte de Stuart Edgar Angel Jones.”

0 comentários: